quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

SILVIA FILGUEIRA DE SÁ LEITÃO



A assuense Sílvia Filgueira de Sá Leitão é filha de Luís Correia de Sá Leitão e Maria Carolina Soares Filgueira Caldas. Nasceu em 17 de outubro de 1910, na Rua Frei Miguelinho, nº 137, sendo a quarta filha dentre 11 irmãos. Seus genitores, provenientes de famílias tradicionais, pertenciam ao grupo social que, juntamente a outras famílias, liderava movimentos culturais e intelectuais na velha Assú do início do século 20 – a Atenas Norte-rio-grandense.

No seio familiar, os pais zelavam pela sua formação e das demais filhas (Dulce, Corina, Carmen, Letícia, Maria Helena e Consuelo), educadas sob os auspícios dos princípios católicos, do trato social, das prendas domésticas e estímulo às artes.

Não se uniu em matrimônio. Entretanto, as funções do lar e de educadora, assim como as responsabilidades pela formação de outros sujeitos, não deixaram de ser desempenhadas, à medida que se tornou professora primária, educando meninos, meninas, moças e rapazes, e assumindo os cuidados com a sobrinha Maria da Anunciação, órfã materna aos dois anos.

Silvia, ou Silvinha como era conhecida por muitos, estudou no Grupo Escolar Tenente Coronel José Correia, em Assú, tendo acesso ao curso primário completo, isto é, às Escolas Infantil, Elementar e Complementar. Considerada aluna aplicada, se destacava pelas notas alcançadas que lhe rendiam elogios públicos. No jornal A Cidade (1925, p.6), a publicação dos resultados dos exames dos alunos do Grupo Escolar apresentava Silvia como a aluna do primeiro ano do Curso Complementar Misto que obteve os melhores resultados de aprendizagem, aprovada com distinção e média 9,66.

Na condição de aluna do Curso Complementar Primário, em 1925 e 1926 Silvia participou do Grêmio Complementarista do Grupo Escolar, fundado pelo professor Alfredo Simonetti. Em 23 de fevereiro de 1939, um mês após a morte do professor, Silvia, três de suas irmãs e outras colegas organizaram a Polianteia, um impresso em homenagem à memória de Alfredo Simonetti. O significado das ações empreendidas por este mestre é destaque no artigo por elas escrito “Descansa em paz”. Neste período contribuiu com outros escritos para o Grêmio Complementarista. Leitora contumaz, dentre seus autores diletos, estão os poetas Olavo Bilac, Manuel Bandeira, Gonçalves Dias, Cassimiro de Abreu e Cecília Meireles. Era amante da Lapinha – encenação natalina trazida para Assú pelo seu avô Joaquim de Sá Leitão em 1898, defendendo o cordão encarnado.

O envolvimento de Silvia com as letras avança no tempo e na qualidade, ganhando notoriedade, especialmente através de seus famosos cadernos manuscritos, aos quais, Maria Carolina Wanderley Caldas – Sinhazinha Wanderley, muito apreciava.

Os cadernos manuscritos foram cuidadosamente produzidos entre 1941 e 1979 e se constituem coletâneas de contos, modinhas, canções populares, hinos religiosos, poemas e planejamentos escolares e de cursos de formação, que inspirou o ensino de outras professoras. A caligrafia cuidadosamente caprichada denota o esmero, o amor e a entrega pelo ofício da escrita. Parte desses textos foi utilizada em práticas educativas como professora, inicialmente no Grupo Escolar Tenente Coronel José Correia, onde lecionou entre os anos de 1947 e 1960, e em seguida na Escola Estadual Juscelino kubitschek – ambas em Assú – até  20 de outubro de 1981, quando se aposentou, aos 71 anos.

Os textos selecionados por Silvia em seus escritos evidenciam maneiras de como viveu e pensou o mundo, foi educada e educou seus alunos e filhos do coração que a vida lhe deu, com vistas à formação de cidadãos de bem. Destacam-se os valores republicanos e conjunto de atitudes identificadas pela escritora Júlia Almeida (1930) como trabalho, inteligência, caráter, moralidade, magnanimidade de coração e crença na pátria e em Deus. Seus planos de aula constituem valioso registro histórico dos objetivos educativos da época, acrescido da perspectiva da escola não somente como uma extensão do lar, mas inspirada no ambiente familiar, a fim de oferecer uma atmosfera de segurança e afeto, condição propícia para uma boa aprendizagem.

Certa feita, a amiga Sinhazinha Wanderley presenteou-a com um poema intitulado Sílvia de Sá Leitão: 
FONTE: ASSU NA PONTA DA LÍNGUA

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